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Musicart

"Attero": O desperdício, segundo Bordalo

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Throwback até Novembro de 2017 para revisitar "Attero". 
A exposição de Bordalo II ainda não tinha passado por aqui, apesar de ter recebido duas visitas da nossa parte. A primeira "livre", a segunda acompanhada pela curadora, Lara Seixo Rodrigues, numa das muitas iniciativas que ocorreram durante a exposição.

Ao longo do mês em que esteve em exibição, recebeu cerca de 27 mil visitantes, que durante os fins-de-semana formaram uma fila permanente, com uma espera de 20 a 30 minutos até ser possível entrar no edifício onde o artista tinha trabalhados nos últimos dois anos.

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Lá dentro, uma retrospectiva do trabalho de Bordalo II. Uma viagem dividida várias partes, de acordo com a evolução e utilização dos materiais, sempre com o reaproveitamento e o "não-desperdício" como motivação por trás de todas elas.
Na primeira, o foco estava na inversão de papéis entre animais e humanos, com a representação de situações absurdas do quotidiano feita com a utilização de peças de aparelhos electrónicos (ex: telemóveis antigos).
Aumentaram os formatos. Os animais mantêm o destaque e a representação destes no exterior tem sempre uma relação com o local - algures no tempo, existiu naquela cidade ou região. Nesta fase todos têm expressão e é possível criar uma ligação emocional e empatia com eles. Demasiada, achou Bordalo. Por isso, surgiram os Half / Half (metade animais, metade robots), com o objectivo de "chocar" e voltar a chamar a atenção para o essencial: a mensagem.

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Depois de passarmos por uma série de trabalhos onde a pintura é posta de parte, sendo a noção de cor dada através dos materiais (recorde-se que o artista estudou pintura na Faculdade de Belas Artes), chegamos a um dos principais ecológicos do planeta: o lixo marinho. Retirou-o do mar, construiu duas peças (uma tartaruga e uma caveira) e voltou a colocá-las dentro de água para que, em formato de vídeo, através de duas televisões, nos pudesse consciencializar para o problema.

 

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O apoio da Câmara Municipal de Lisboa, através do transporte de lixo e materiais a serem utilizados, permitiu a construção de várias peças. Uma delas, um rinoceronte de grandes dimensões, num dos extremos do espaço, depois de passarmos por duas áreas dedicadas ao artista: um estúdio com várias peças, materiais e suportes utilizados na concepção dos trabalhos e uma sala, quase sempre pequena para tanta gente, onde era transmitido um mini-documentário sobre Bordalo.

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Aquela que era, literalmente, a recta final da exposição foi criada com a intenção de nos oferecer o cenário de uma floresta, no entanto, as semelhanças de alguns materiais com algas levaram a uma mudança de planos, transformando-se no fundo do mar.
Um "mergulho" de algumas dezenas de metros que nos levava até à última instalação. Uma face que muitos julgavam ser do artista, também ela Half / Half. Metade natureza, metade lixo (onde estava, inclusive, um Ronald McDonald). A metade boa com o formato de uma cara humana, a metade má em forma de caveira.

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Antes de sair, um último espaço onde quatro ecrãs transmitiam em simultâneo os vários locais onde o lixo foi apanhado. Em cada um deles, um diferente processo de transformação que levou à construção das obras que permitiram criar esta "Attero" e levar a mensagem a quase 30 mil pessoas. Um sucesso.

 

Fotografias: Mistaker Maker